A vontade de empreender surgiu ainda na infância de Lena Peron. Ela visitou uma fábrica de cosméticos e se apaixonou pelo setor. Por isso, começou a fazer seus próprios produtos em casa e dar para amigas. Anos depois, Lena e sua família fundaram a feito brasil, uma marca de cosméticos veganos que faturou R$ 2,7 milhões em 2018.
Mas a história não foi tão rápida e nem simples. Antes de abrir a feito brasil em 2005, Lena teve outra empresa de cosméticos com sócios de fora da família. Insatisfeita com o caminho do negócio, a empreendedora juntou seu marido e seus dois filhos e abriu outra sociedade. Voltados para produtos de banho, os quatro alugaram um espaço e começaram a produção em uma indústria própria no norte do Paraná.
Em 2007 o filho mais velho de Lena faleceu enquanto cursava a faculdade. Era ele quem, junto com o pai, comandava a feito brasil enquanto a empreendedora trabalhava no outro negócio. Com a perda do filho, o cenário mudou. “A empresa se tornou mais do que um negócio, virou um propósito de vida”, diz. “Não fazia sentido continuar trabalhando com gente que tinha valores diferentes dos meus”.
Assim, a empreendedora vendeu sua parte societária e começou a trabalhar exclusivamente para a feito brasil. Como ia continuar no mesmo setor, Lena foi obrigada a assinar um termo de não concorrência que duraria seis anos. “O único lugar que sobrava para vender era a internet”, afirma.
Acompanhando um movimento natural do mercado na época, a marca conseguiu crescer. Em 2014, as vendas deram um salto. No ano anterior, o filho mais novo de Lena entrou na empresa e incentivou a mãe a ir atrás de outro objetivo. “Eu tinha o sonho de vender na Sephora, mas nunca tinha ido atrás”, diz.
A Sephora é uma rede mundial de lojas de cosméticos presente em cerca de 30 países com 1,7 mil unidades. Até aquele momento, a empresa não vendia nenhuma marca brasileira, mas com o incentivo do filho, a empreendedora foi atrás.
Com um conceito focado em produtos naturais e genuinamente brasileiros, a feito brasil encantou a rede de lojas. Assim, a marca de Lena se tornou a primeira brasileira nos corredores da empresa francesa. “A partir dali, tudo mudou”, afirma Lena. Segundo ela, até aquele momento, existia uma dificuldade de apresentar a marca, que só tinha presença na internet. “Ninguém entendia a proposta da marca”, diz. “Mas, com as vendas na Sephora, ganhamos um aval dentro do mercado”.
Assim, em 2013 a feito brasil começou a ser vendida no e-commerce e depois nas lojas físicas da Sephora.
O foco da feito brasil sempre foi produtos corporais, mas, em 2011 a marca lançou sua primeira marca de argila — que rapidamente se tornou o carro chefe da empresa. Por isso, em 2016 a empresa viu uma nova oportunidade de negócio. “Meu filho sugeriu unir a sustentabilidade com a tecnologia, mas de forma natural e vegana”, diz a empreendedora. Com isso, no mesmo ano, uma nova empresa surgiu, a Quintal.
Hoje, as duas marcas se dividem entre cuidados faciais e corporais e ambas são vendidas na Sephora. Com presença dentro da rede, o grupo alcançou a internacionalização de forma natural — chegando no México, França e Estados Unidos.
Produção natural
O objetivo de Lena, desde o começo, era trabalhar com produtos naturais e veganos. Por isso, sempre se manteve muito próxima de seus fornecedores utilizando matérias-primas únicas. “Só assim conseguimos seguir inovando no mercado”, afirma a empreendedora. No ano que vem, por exemplo, a Quintal vai lançar seu primeiro produto orgânico.
Além disso, nenhum dos produtos é testado em animais e não é usado nada com base de petróleo ou parabenos. “Tudo é feito internamente e não precisamos terceirizar nada”, diz Lena. “Isso dá força para a empresa”.
Mas a maneira como eles tornaram tudo isso possível e mantiveram a escala, é segredo. “Desenvolvemos um método próprio para manter o artesanal e ao mesmo tempo o rigor industrial”, afirmou.
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